A pele é considerado o maior órgão do corpo dos animais. Ela possui inúmeras e importantes funções tais como ser a barreira física entre o corpo e o ambiente, protegendo-o contra agressões físicas, químicas e microbiológicas.
Acredita-se que até 75% dos animais atendidos na clínica tenham queixas relacionadas à dermatopatias.
Dentre as doenças mais comuns que acometem a pele estão as de caráter infeccioso, que podem ser bacterianas (piodermites), parasitárias (sarnas) e fúngicas (micoses). As alergias também apresentam alta incidência.
Consulta Dermatológica
A consulta dermatológica exige um atendimento especializado, uma avaliação rigorosa do histórico do animal, tal como do ambiente em que ele vive. Há também a necessidade de exames dermatológicos para complementar e fechar diagnósticos.
Entre os exames complementares podemos listar:
- Coleta de material para cultura bacteriana
- Coleta de material para cultura Fúngica
- Citologia otológica
- Citologia cutânea
- Punção de nódulos
- Raspados cutâneos
- Biopsia
- Histopatologia
Piodermites
São infecções bacterianas na pele, normalmente causada por Staphylococcus sp. Na maioria dos casos são consequência de alguma causa de base como: processos alérgicos, distúrbios de queratinização, dermatopatias parasitárias, distúrbios metabólicos e imunológicos.
Tem múltiplos sinais clínicos, com lesões localizadas ou generalizadas podendo ser superficiais ou profundas.
Seu diagnóstico é feito através da avaliação detalhada do histórico e anamnese do animal, citologia, raspado de pele, cultura e antibiograma.
Outras Doenças:
- Atopia
- Hipersensibilidade Alimentar
- Doenças Autoimunes
- Distúrbios de queratinização (seborreias)
- Otites
- Pododermatites
- DAPP, entre outras dermatopatias
Sarna Demodécica (Demodiciose)
Dentre as dermatopatias parasitárias, a demodiciose está presente em média em 40%dos casos.
É uma patologia comum em cães jovens, causada por um ácaro denominado Demodex sp. Esse ácaro vive nos folículos pilosos e se alimenta células epiteliais e secreção sebácea.
A transmissão ocorre através da ninfa (dentoninfa) normalmente de mãe pra filho logo após o nascimento (primeiras 16 horas até 3 dias após o nascimento).
Acredita-se que o Demodex sp é um habitante da pele, a doença ocorre quando há um crescimento populacional excessivo deste ácaro no folículo piloso. Esse crescimento excessivo está ligado a uma deficiência específica dos linfócitos T na pele. Essa deficiência em linfócitos também pode ser transmitida pelo macho (pai).
A sarna demodécica pode ser localizada (quando ocorrem até 5 pequenas lesões localizadas) e ou generalizada (quando temos toda área corporal envolvida). A sarna localizada pode evoluir para generalizada quando não diagnosticada e tratada adequadamente.
Os principais sinais clínicos da doença são:
- Alopecia
- Eritema
- Seborréia (especialmente em casos generalizados)
- Úlceras (especialmente em casos generalizados)
- Blefarite demodécica (em casos generalizados)
- Otodemodiciose
- Pododemodiciose
O animal pode ou não apresentar prurido (coceira)
O diagnóstico é feito através da análise detalhada do histórico e anamnese do animal e raspado profundo cutâneo.
A sarna demodécica em animais adultos normalmente está associada a doenças de base que causem imunossupressão (ex. hipotireoidismo, diabetes, IRC) ou a tratamentos imunossupressivos.
A demodiciose felina causada pelo ácaro Demodex cati, normalmente está relacionada a doenças metabólicas e imunossupressoras (FIV/FELV, diabetes, neoplasias, etc).
Dermatofitose
É a principal micose superficial dos felinos, é uma zoonose, contagiosa e tem alta ocorrência. Causada por fungos queratinofílicos ( utilizam os queratócitos como sustrato) tem como agente mais comum o Microsporum canis.
A infecção pode acontecer em animais de qualquer idade, porém os extremos (filhotes e idosos), animais debilitados e imunossuprimidos são mais suscetíveis. O contágio ocorre através do contato direto dos esporos do fungo em pêlos e pele (lesionada ou não), essas estruturas podem estar presentes nos animais (sintomáticos ou assintomáticos) ou ambiente.
As lesões podem ser localizadas ou generalizadas, acometem principalmente cabeça e extremidades. Os sinais clínicos mais comuns são:
- Alopecia
- Descamação
- Eritema
- Crostas
O animal pode ou não apresentar prurido (coceira).
O diagnóstico definitivo é feito através de cultura fúngica. A dermatofitose também acomete cães.